
Dr. Lucas Prestes – Advogado Cível
Muitos empresários acreditam que o CNPJ protege totalmente seus bens pessoais. Mas essa proteção tem limites — e, em certos casos, ela pode cair.
O que é responsabilidade civil no mundo dos negócios?
É a obrigação de reparar um dano causado a terceiros. No ambiente empresarial, ela pode recair sobre a própria empresa ou, em casos específicos, diretamente sobre os sócios ou administradores.
Em regra, os bens pessoais não respondem pelas dívidas da empresa. Mas essa barreira pode ser derrubada.
Quando o patrimônio pessoal pode ser atingido? A Justiça pode autorizar a cobrança diretamente dos sócios em casos de:
Desvio de finalidade – uso da empresa para fins pessoais ou ilegais;
Confusão patrimonial – mistura de bens pessoais e da empresa;
Abuso da personalidade jurídica – manipulação da empresa para fraudes ou prejuízos.
Esse mecanismo é chamado de desconsideração da personalidade jurídica e está no art. 50 do Código Civil.
E se houver má-fé ou negligência grave? Mesmo sem desconsideração, o empresário pode responder pessoalmente se agir com dolo ou culpa grave.
Exemplo: ignorar normas ambientais e causar grande prejuízo.
O que a Justiça vem decidindo? Tribunais têm responsabilizado sócios quando:
Não cumprem obrigações fiscais, trabalhistas ou ambientais;
Retiram lucros excessivos deixando dívidas;
Encerram a empresa irregularmente.
Como se proteger? Separar bens pessoais e empresariais; manter documentação organizada e regularizada; ter assessoria jurídica preventiva qualificada; cumprir as obrigações legais; considerar um planejamento societário (holding, acordo de sócios).
O CNPJ protege, mas não gera blindagem total. Conduzir a empresa de forma ética, técnica e estratégica é essencial para evitar que o patrimônio pessoal seja colocado em risco.